Sobre a ocupação da reitoria e a força do Movimento Estudantil
08/09/2011 | 15:27 | Aguinaldo Cavalheiro (Guiga) é funcionário da UEM-FM
Retornei na última sexta às minhas funções na UEM (Universidade Estadual de Maringá). Na semana anterior o prédio da reitoria havia sido ocupado pelos estudantes. Não me deterei nos motivos pelos quais os estudantes realizaram tal ato, nem nos resultados obtidos (Construção de novos blocos e finalização dos blocos já iniciados, abertura de concursos, verbas para termino da Casa do Estudante, construção do RU 2 e RU nas extensões, entre outros) que acredito venham beneficiar diretamente toda comunidade acadêmica, mas o que me chamou muito a atenção foi a capacidade organizacional e operacional do movimento. Segundo informações deste mesmo jornal, houve uma concentração de cerca de duas mil pessoas nesse período, e nada ocorreu que pudesse prejudicar a imagem desse movimento, ou seja, aquilo que se costuma ouvir pela mídia como sendo baderna ou arruaça, nada disso foi visto. Os estudantes demonstraram a capacidade de gerir a ocupação de modo lúcido, sensato e coerente. Confesso que eu e meus colegas servidores técnicos ficamos impressionados com fato dos estudantes terem conseguido operar os equipamentos da Rádio UEM FM sem o auxilio de nenhum servidor e sem que houvesse quaisquer danos à rádio e aos seus bens materiais. Estava tudo, desde o mais simples objeto, no mais perfeito estado.
Tenho notado que aos poucos o movimento estudantil vem demonstrando sua força nas mais diversas regiões do Brasil. Esta ocupação, por exemplo, não é a primeira e nem será a ultima de que sabemos. Ano retrasado acompanhamos a ocupação da reitoria da UnB (Universidade de Brasília) e no ano anterior outra ocupação teve como desfecho a renúncia de seu reitor diante das provas apresentadas contra ele. Nesse momento existem outras reitorias ocupadas por estudantes, tais como a UFPR e a UFSC.
Tudo isso me parece bastante curioso, pois até bem pouco tempo o movimento estudantil parecia adormecido, salvo raras exceções, como foi o caso dos caras pintadas no impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Sabemos que, historicamente, os estudantes foram protagonistas de muitas reivindicações, inclusive durante o golpe militar. Mas o que pensar do ocorrido aqui em nossa universidade? Terá sido um fato isolado ou podemos relacionar essas atividades a outras de que temos noticias? São perguntas que deixo aos nossos historiadores e sociólogos.
De minha parte quero apenas ressaltar a inteligência e a coragem de todos os presentes na ocupação, que ousaram colocar-se no lugar onde se tomam todas as decisões pertinentes à instituição. Esse fato, que não é pouco, significou uma transferência de poder, do Reitor aos estudantes. Dito de outro modo, a lição que os estudantes da UEM nos deram foi o exercício pleno e legitimo de instituição democrática.
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